Por que abandonar a carreira atual? Será que faz sentido?
Bom, nestes últimos dois anos e meio fora do mundo corporativo, acabei virando uma conselheira, facilitadora e afins de alguns amigos, leitores etc quando o assunto é transição de carreira. Longe de qualquer vago pensamento de me comparar a uma coach (apesar de ter sido em outra essência no mundo corporativo), até porque são coisas completamente diferentes, o interessante é que tenho tido um feedback no final das conversas de que ajudo muitos a respirarem mais fundo antes de tomar qualquer decisão.
Por estes tipos de conversa terem sido cada vez mais presentes nos meus dias atuais, resolvi compartilhar com vocês, alguns conselhos gerais para que não façam loucuras por aí, inspirados em cases que não necessariamente são factíveis ou reais e, que estão estampados com finais felizes em muitas redes sociais. By the way, muito cuidado com esta tal felicidade e “ligação de foda-se” fofa e bonitinha que vê passar em sua timeline!
Vamos aos conselhos antes de pensar em abandonar a carreira?
10 COISAS QUE VOCÊ DEVE PENSAR ANTES DE ABANDONAR A CARREIRA ATUAL
1 – Será que sabe fazer outra coisa além do que faz hoje? O saber fazer que eu digo é saber fazer bem feito. Não adianta abandonar a carreira atual e depois pensar se tem dom pra outra coisa ou achar que se dará bem porque é esperto demais. Este é um erro gravíssimo!
2 – Perder o emprego não significa que você deve mudar de carreira, não significa que seja incompetente etc. Na verdade, antes mesmo de sonhar que um dia pode perder seu emprego, é necessário ter sempre um plano B na manga. A estabilidade de hoje não significa que seja eterna. Não tenha uma postura arrogante pensando que isso não poderá acontecer contigo, que é insubstituível etc.
3 – Planejou ou pensou em mudar de profissão em algum momento passado de sua vida? Esteve em algum momento disposto a abandonar a carreira? Planejar, planejar e planejar é a essência para que você inicie uma nova fase sem sofrer com incertezas e dúvidas. É claro e óbvio que a insegurança ronda até quem planeja a mudança, mas com bastante planejamento, a cabeça fica mais fria para tomar decisões de risco.
4 – Faça um belo pé de meia para não se frustar e poder ter uma reserva para qualquer eventualidade, erro de planejamento e afins. A cabeça pensa muito melhor quando o dinheiro não fica “buzinando” seus ouvidos, tira seu sono etc;
5 – O que deu certo pra um, não necessariamente dará certo pra você! Se inspire nas pessoas, mas não tente ser suas cópias. A originalidade e essência que te farão se destacar dos outros;
6 – Seja otimista! Pensar que as coisas darão certo trará energias boas ao seu redor. Procure ficar longe de pessoas que julgue pessimistas e/ou fracassadas para que você não “pegue a tal negatividade”. Isto não é um ato de preconceito ou qualquer coisa do gênero, mas foco em dar certo e compartilhar suas ideias com pessoas que realmente agreguem e te ajude a enxergar algo que possa não estar claro em um primeiro momento.
7 – Não pense em inveja alheia, não perca o seu tempo. O que é seu é seu! Competência, jogo de cintura, planejamento e foco são verdadeiros segredos para um caminho de sucesso. Não coloque a culpa de uma possível falta de esforço de sua parte em inveja ou algo do gênero!
8 – Se tem intenção de abandonar sua carreira, escolha fazer não somente algo que goste, mas que também tenha conhecimento e competência. Caso não entenda patavinas de um negócio em que tem a intenção de aplicar parte de seu dinheiro, confie na pessoa que estará contigo, mas não seja negligente ou ausente do negócio. Em um primeiro momento, você deve aprender pelo menos de forma macro com as coisas funcionam.
9 – Trabalhe a mudança de carreira em paralelo com a sua atual função. Quando decidi mudar meu rumo, o processo começou cinco anos antes. Naquela época, ainda não sabia que estava em real transição de carreira porque vivia a descoberta de algo novo com o meu primeiro blog misturado com uma super oportunidade de abertura de leque dentro da empresa em que trabalhava. As duas coisas acabaram me envolvendo e se abraçaram ao longo dos anos, transformando-se em uma única coisa em minha mente. Entretanto, quando entendi que a minha mudança era necessária e que precisava fazer acontecer, taquei mais uma dose de planejamento pra que o processo fosse o mais leve e natural possível para mim e para as pessoas em minha volta.
10 – Se você é jovem e pensa em fazer um sabático ou um career break, pense muito no momento em que fará isso. Eu, por exemplo, não pude fazer esta pausa nos meus 25 anos, a fiz mais curtinha aos 27. O motivo? A carreira começava a decolar com oportunidades e, se caso ficasse fora por um período igual ou superior a um ano, talvez não teria subido os degraus que subi. Na minha contramão, alguns colegas de mesma carreira fizeram tal sabático com esta idade com o intuito de aprimorarem o inglês. Neste caso específico, não posso dizer que era bem uma pausa, já que estavam pensando em um futuro com melhores oportunidades na volta ao mercado. Não era o tal do “mete o louco” e na volta vejo no que dará! Por isso, não se engane com propagandas e papagaiadas que colocam em muitos textos por aí. – Meu curto career break ocorreu durante a temporada que morei no Hawaii quando tinha 27 anos, mas era um projeto profissional e pessoal e, com a ideia de ficar isolada de brasileiros para dar um upgrade no inglês em um lugar legal e com praia para eu não sofrer muito com a saudade de casa e das coxinhas…rs
Aquele plus…
Não se deixe levar por mensagens, recados e depoimentos de pessoas que abandonaram tudo sem pensar no dia seguinte. Caso você não seja uma pessoa de sorte na vida ou que tenha feito um pé de meia ou que tenha o emprego garantido no retorno ou até mesmo um “paitrocínio”, acho bem complicado tomar uma atitude dessas. Você pode até ganhar bagagem de vida fazendo um mochilão de um ano na Ásia, por exemplo. Mas durante e depois? Como será que os boletos vão se comportar, hein? – Você não precisa passar por este perrengue, precisa? Pense bem antes de “meter o louco” e se frustar ou se …. na volta!
Quer correr este risco pensando no tal: quem sabe dá certo? Ótimo, mas faça isso se tem o perfil de uma pessoa muito independente, desapegada e ambiciosa. Alguém passivo não se encaixa neste perfil de arriscar tudo, sem um real no bolso e sem saber se voltará em breve ou fará um pé de meia lá fora.
Outro ponto importante aos mais velhos. Independentemente se tem a intenção de se aposentar no que faz ou não, sempre tenha um plano B e até C, já que o dia de amanhã a Deus pertence.
Espero ter ajudado vocês com alguns toques e choque de realidade. Para quem quiser acessar outros textos nesta linha, leia também:
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Depois de toda a transformação que a minha vida profissional sofreu nos últimos anos, continuo trabalhando com um plano B e C, caso tudo dê errado. Não tenho medo de recomeçar e dar a cara a tapa, novamente.