A primeira coisa que vem a cabeça de muitas pessoas quando o assunto é Ilha de Páscoa com toda certeza é a imagem de seus moais.
Disparadamente, são a sensação da ilha, não só porque estão espalhados por toda ilha, mas também por sua imponência.
De acordo com o povo Rapa Nui, os moais foram construídos por cada um dos doze clãs que habitavam a ilha em um passado distante, sendo todos virados para os seus correspondentes clãs, com o objetivo de protegê-los.
Não entendam que os moais protegiam todos os clãs e, sim, cada clã tinha a sua legião de moais. As sensações da ilha foram construídas em parte nas rochas de Rano Raraku e eram levadas aos clãs através da rolagem de toras e mais toras como se fossem pneus.
Agora, imagina quantas árvores foram derrubadas e quantos homens foram suficientes para levar os moais a cada clã! Não dá para imaginar, né?
De acordo com os locais, este foi um dos principais motivos pelo qual hoje as árvores são raridades pela ilha.
Mas não somente árvores foram derrubadas pelos clãs…
Com a guerra pelo poder da ilha, os clãs brigaram e brigaram e a cada “tomada” de clã, todo o Ahu (formado pela base, altar e os moais – representavam a “família clã” e é o local onde o líder e sua família estão enterrados) era derrubado como sinal de vitória e, assim foi até o fim da dinastia dos clãs. Uma pena porque até hoje a Ilha de Páscoa não tem a sua flora reestabelecida e o que sobrou do povo foi muito pouco para contar a história real da ilha.
Tudo que eu falei até agora neste post é baseado em histórias contadas pelos nativos, mas nem eles sabem até onde elas são verídicas e é por toda esta incerteza que muitos chamam Rapa Nui de “ilha misteriosa”.
Uma pena…
Ao longo do tempo e com o fim dos clãs, parte dos moais foram reerguidos, mas novamente derrubados por um tsunami e, parte novamente reerguidos com o auxílio do Japão através de restauração realizada durante a década de 90.
Uma benção…
Porém, o mais importante dos moais, o Hoa Hakanana’i foi levado pelos ingleses em 1868 e encontra-se até hoje no Museu Britânico, em Londres. Naquela época, se praticava o escambo e o povo Rapa Nui trocou o seu mais importante moai, que ficava no vilarejo de Orongo, por alguns itens que os ingleses traziam e, que para o povo da ilha era novidade.
Este moai é especial porque ele é o único que tem várias simbologias da história da ilha, tais como, a fertilidade feminina, a luta pelo poder através da competição do Homem Pássaro, dos bons fluídos.
O povo Rapa Nui tentou recuperá-lo, mas os ingleses (pra variar) disseram “NÃO” e não devolvem o moai de jeito nenhum…
Um absurdo e uma crueldade com o povo Rapa Nui…
Alguns devem se perguntar:
Os moais eram todos homens? – E a resposta é sim! As mulheres do clã eram representadas por estátuas de madeira.
E aquele chapéu representava algo? – Na verdade, aquilo não é um chapeú, é o cabelo do moai (ficava preso daquele jeito), e nem todos tem porque ao longo do tempo, os efeitos naturais foram “derrubando os seus cabelos”. Só assim mesmo para falar em calvice por lá porque pelo tamanho e volume da cabeleira deles, duvido que tinha algum careca…he he he!!!
E por que eles não tinham olhos? – Segundo o povo, como os olhos eram feitos de corais e caíram ao longo do tempo. O único olho original, encontrado pelo povo na praia de Anakena, está no museu da ilha e não é certo que seja verdadeiro.
E aquele moai afastado? Estava de castigo? – Não, não…ele era o líder do clã e ficava separado justamente para que pudesse identificar quem era o “cara” do clã.
Bom, depois de tanta história sobre eles, bora falar o melhor momento para apreciá-los e quais são as particularidades dos mais famosos entre os mais de 900 moais espalhados por Rapa Nui…
Ao amanhecer – Ahu Tongariki:
Nem todos os turistas e viajantes, acordam ao menos um dia às 6:30 horas (o amanhecer na ilha é em torno de 7 – 7:30 horas) para ir ao encontro do amanhecer e dos quinze moais majestosamente enfileirados de Ahu Tongariki.
Aos que acordam e vão, como eu, não se arrependem..
Ver aquela paisagem traçada em meio àquela fileira de moais e ouvindo o som do mar e dos galos (roucos ou não…rs! Lembram do outro post?) é algo inusitado e vale cada minuto a menos de sono!
Ao anoitecer – Ahu Akivi:
Ahu Akivi é a representação dos reis das sete ilhas polinésias (Rapa Nui, Hawaii, Tahiti etc.) e onde eu vi o mais bonito por do sol da ilha. Este lugar é único não só por estas particularidades, mas também por ser o único lugar onde os moais estão virados para o mar.
Segundo o povo, eles estão virados para o mar para vigiar a ilha e ver todos que nela chegam.
E nós temos o privilégio, juntamente com eles, de ver este por do sol…
A “fábrica de moais” – Rano Raraku:
E foi em Rano Raraku que grande parte dos moais foram construídos. Conhecido como a “fábrica de moais” o local ainda está recheado das sensações da ilha, isto porque com todo o contexto acima descrito, muitos moais não terminaram de ser construídos ou simplesmente ficaram por lá.
A ida a Rano Raraku pode ser feita uma vez somente (em caso de chuva – pode conversar com a adminstração do parque e retornar – foi o nosso caso) e deve ser apresentado o ticket do parque para a entrada.
E para os “acalorados”, que tal arriscar um melhor nas águas formadas em uma cratera vulcânica de dois milhões de anos? A água é gelada, mas a experiência é válida…
Moai com olhos (o tal do “zoiudo”) – Ahu Ko Te Riku (parte do complexo do Tahai)
Mas e aquele moai com olhos que vimos nas fotos? Isso deve estar martelando na sua cabeça, não é mesmo?
Então…aquilo na verdade foi uma montagem feita por uma revista francesa. A tal revista pediu para o povo se podia colocar olhos em um dos moais para que pudessem ter uma ideia de como seria um moai “zoiudo”. O povo da ilha gostou tanto da ideia e do jeito que ficou o moai que pediu para a revista não “retirar mais os olhos”. Até que ficou simpático, sem contar no visual do por do sol que forma atrás dele…
Ahu Vai Uri (parte do complexo do Tahai):
Coladinho no Ahu Ko Te Riku, os moais do Ahu Vai Uri tem uma característica um tanto “exótica”. Neste Ahu tem desde moai decaptado até um espaço para um moai não recuperado.
Tahai – e já que estamos falando do complexo:
Aqui está o moai Tahai. Muitas pessoas confundem achando que o Tahai é o “zoiudo”, mas isso é um grande equívoco.
Deste complexo o por do sol também é fantástico e fica bem pertinho da região central da ilha.
Moais praianos em Anakena:
Mas é mais que óbvio que teriam moais na única praia que pode ser frequentada em Rapa Nui, acha? –
Anakena conta também com o seu batalhão de moais e, esse batalhão é um dos mais bem conservados que você encontrará na ilha.
Quando estiver em Anakena vá até o topo oposto aos moais e aprecie esta paisagem aqui:
É inesquecível, eu garanto…
E depois de tanto falar e ver moais por todos os lados não é que virei uma “moaia”? ha ha ha!!!