Sim, existe vida lá fora! Foi a primeira constatação real que senti na pele quando abandonei o mundo corporativo há exatamente um ano.
Como era super coxinha, caxias e afins, demorei para decidir que não era mais uma vida de reuniões infindáveis, issues contábeis, relatórios a emitir que eu queria. Ficar presa a uma rotina, mesmo que nada convencional e sem horários, não me apaixonava mais. Era preciso me auto inovar e buscar novos caminhos para algo que prezo muito: minha felicidade.
Como para ser feliz muitas vezes é preciso ter coragem além de vontade, fiquei matutando e me questionando por algum tempo sobre o rumo que eu queria dar a minha nova suposta vida. As coisas se embaralharam muito em minha cabeça por muitas vezes até eu me entender comigo mesma e bater o martelo do que queria dali pra frente.
A partir deste momento, foram conversas, planejamentos e rearranjos na minha carreira executiva para que eu pudesse fazer uma transição profissional e saudável com os meus pares e clientes, em tempo certo e sem prejudicar o fluxo natural dos trabalhos.
Relatórios emitidos aqui, palestras e entrevistas ali, férias pra desopilar daquela ansiedade acolá até chegar 1 de dezembro de 2015, mais conhecido como o meu último dia no mundo corporativo. Fui para o escritório para assinar o que tinha que assinar, devolver o que tinha que devolver, me despedir da turma e agradecer a quem esteve ao meu lado ao longo dos anos. Tudo a base de um mix de sentimentos de quem dava um passo importante na carreira rumo ao empreendedorismo digital, mas sem saber o que realmente viria pela frente.
Apesar de parecer drástica, a transição do mundo do salto alto para o da rasteirinha não foi tão impactante assim, já que escrevia para o Peripécias há muitos anos e estava adaptada com este mix de universos e com o tão desejado home office. O mais estranho pra mim foi o telefone não tocar mais para resolver pepinos alheios, as mensagens de Whatsapp não mais vibrarem com frequência e a quantidade de emails e de entrada na conta corrente terem despencado consideravelmente.
Para quem tem o ego inflado poderia até se frustar pensando: Puxa, não sou mais importante. Para mim, na verdade, o que passava na cabeça era: Ainda bem! Agora é começar quase do zero e tirar do papel todos os projetos que estão em minha cabeça borbulhante e torná-los rentáveis.
A partir daquele momento era eu e eu para ganhar os reais que tanto nos fazem rir através de rendimentos das aplicações, de palestras e comissionamento de ações do blog; eu e o gerente do banco revendo e discutindo as melhores opções de investimento para o meu pé de meia de anos; eu e a Robertinha tirando do papel o projeto Girls Just Want to Have Fun; eu e o programador criando o Não Pira, Desopila, a logomarca etc. Tudo sob algum controle e sem arrependimentos, mesmo tendo alguns muitos head hunters me ligando e oferecendo boas e gordas propostas de emprego que não queria.
O tempo literalmente voou ao longo dos meses com muitas horas dedicadas aos novos projetos, muitas viagens pelo blog e tantos outros acontecimentos, como a entrada na participação da Sweetshop Patisserie & Cafe no início do ano e o lançamento do Não Pira, Desopila na semana passada.
Como ainda não parei para fazer reflexões ou repensar se fiz a escolha certa, posso dizer a priori que a mudança mudou positivamente a minha vida. O que não percebi espontaneamente, mas que os amigos falam é que rejuvenesci uns 10 anos e que estou com um olhar mais feliz, uma pele mais bonita e por aí vai. O que na verdade notei é que as calças jeans começaram a dançar no meu corpo, fruto da perda de 6 kgs, sem fazer absolutamente nenhuma dieta, mas comendo muito bem praticamente todos os dias em casa (desgraçada, né? rs).
Mas não foi só isso que notei, não. Me dei conta que se não ralar (mais do que ralava antigamente), mesmo que de uma forma mais leve, não terei ninguém pra me substituir e as coisas não cairão do céu no meu colo e com um belo sorriso dizendo: Cheguei! – Esta vida de profissional liberal, independente, empresária, empreendedora é muito mais dura que muitos pensam porque não tem aquele “salarinha” ou remuneração fixa no final do mês caindo na conta, fruto da compensação de todo esforço. Atualmente, o meu “dinheirinha” entra na conta se eu administrar bem os meus gastos, os meus investimentos e negócios, fechar acordos publicitários e se os leitores ou quem passa só para pegar “aquela dica” no blog der aquela força e reservarem sua hospedagem, seguro viagem, carro, chip de celular via os links que temos por aqui.
Também me dei conta que domingo, sexta ou segunda pra mim tanto faz, já que sou eu que tenho que administrar a minha agenda de onde estiver. Caso não tenha nenhuma reunião agendada e quiser terminar este texto na praia e por lá ficar conciliando trabalho e praia até o resto da semana, eu posso. Preciso só ter disciplina (que tenho de sobra) e conexão com a internet pra que isto seja possível.
Enfim, o que quero dizer a vocês é que sobrevivi, descobrindo uma nova vida, um novo ritmo e uma nova e mais feliz forma de trabalhar e, que tudo isso só foi possível porque eu me planejei muito bem pra isso.
Não incentivo ninguém a levar a mesma vida que eu porque cada um é cada um e tal escolha é muito pessoal e intransferível. Talvez o significado de felicidade pra mim seja muito distante de sua vocação e realidade. Pense nisso antes de ter a tal coragem que eu tive para mudar 😉