Carreira e liderança: os cases Anitta e Seleção Brasileira de Futebol masculina

Se você acompanha o que escrevo sobre carreira e liderança, sabe que não deixaria passar dois exemplos maravilhosos e que falam muito sobre o momento de transformação que vivemos nos tempos atuais.

Em um primeiro momento, pensei que tivesse perdido o timing por não escrever há alguns dias sobre o que achava de Anitta no Conselho de Administração do Nubank, mas aí vieram as finais da Copa América e da Eurocopa. Independente do resultado dos jogos e do lado polêmico de Anitta, há muito o que podemos extrair destes casos nos quesitos carreira e liderança. 

A primeira coisa é que nem todo mundo percebeu que o mercado de trabalho mudou há algum tempo e que parte dos modelos de carreira atuais estão mais do que ultrapassados. Infelizmente, nem todo mundo consegue ter essa visão pelo simples fato de viver apegado a valores construídos no passado e que têm perdido relevância a cada dia. 

QUAL A SUA META DE VIDA?

Diferente da minha geração e de gerações anteriores, a turma dos 35- (35 menos), em sua maioria, não tem como meta de vida (e ambição) chegar ao topo de uma carreira XPTO tendo que pagar como pedágio a anulação de parte da sua vida pessoal ou do bem-estar. O valor do dinheiro, da estabilidade e de outras conquistas materiais não têm mais o mesmo peso.

Claro que todas as gerações querem ser bem remuneradas pelo que fazem, mas o dinheiro tem que estar no lugar certo, até para o bem de nossa saúde financeira e mental.   

No contraponto, a maior ansiedade e a maior dificuldade em compor seus objetivos de vida pessoais e profissionais, fazem com que o dia a dia mostre as novas gerações, que é preciso ter prudência e muito respeito aos mais experientes. 

Apesar do baita choque de convivência corporativa que vivemos entre as gerações, muito por conta do constante e exponencial avanço da tecnologia a partir dos anos de 1990, caso tenha a mente aberta para entender o bololô que estamos despercebidamente passando, saberá lidar melhor em suas relações interpessoais.

Na era em que vivemos, a estratégia de não abrir oportunidades para profissionais por conta de preconceitos com etarismo, diversidade ou jovialidade pode ser traduzida como retrocesso.. 

CARREIRA E LIDERANÇA: CHOQUE DE GERAÇÕES E DE CONVIVÊNCIA

Com isso, o choque de convivência entre diferentes gerações no mercado de trabalho, as novas formas de pensamento e a importância que cada um tem dado a causas, diversidade, conscientização de consumo e empregabilidade tem servido como um belo aprendizado no dia a dia das rotinas corporativas. 

Há muitos ajustes a serem feitos tanto nas gerações mais novas quanto nas mais experientes, entretanto, saber lidar e respeitar diferenças é um dos pontos chaves para desbravar o enorme desafio de um mercado que ainda não se encaixa perfeitamente. 

Enquanto gerações experientes seguiram a ordem (atualmente) natural de formação para serem empregáveis no mercado corporativo tradicional, novas gerações começam a questionar se faz sentido ter um diploma universitário, pós, MBA etc. 

É óbvio que educação é de extrema importância, entretanto, há jovens despontando no mercado de trabalho sem ter uma formação universitária clássica. Não precisamos ir tão longe. Se pegarmos uma parte da turma que hoje trabalha no mercado digital é altamente provável achar profissionais altamente gabaritados que constantemente estudam e se atualizam por meio de uma série de cursos, treinamentos, mentorias com referências de mercado, mas que nunca passaram por uma universidade. 

Será que essa é uma outra forma de educação profissional? Faz sentido? Será que necessariamente preciso de uma formação acadêmica para ter sucesso profissional em uma determinada área? 

Há muitas perguntas no ar, principalmente, com o crescimento exponencial do tal do Marketing de Influência, mas e daí? Vivemos entre crenças limitantes e incertezas?

VOCÊ É DO TIME DAS CRENÇAS LIMITANTES?

Para mim, todas as gerações têm crenças limitantes em diversos campos. 

As crenças limitantes das gerações mais velhas, o que inclui também a minha geração, têm perdido a cada dia que passa, o poder de influência na tomada de decisão de carreira das novas gerações. O lance de ficar preso por horas e horas em um escritório (home office, office ou seja lá o que for) enquanto a vida passa não é o objetivo da vida das gerações novatas, como falei acima. 

Claro que é necessário calibrar alguns conceitos, até porque toda carreira bem sucedida tem um pedágio, entretanto, acredito que estamos no momento certo de repensarmos as formas de trabalho e as profissões, como um todo. A pandemia do novo coronavírus veio acelerar algo que estava há tempos atrasado: a transformação profissional. 

De acordo com estudos, um grande número de profissões tendem a desaparecer em um futuro não muito distante. Vale a pena ler essa matéria no site da FIA. Entre as profissões do futuro estão consultor de entretenimento pessoal e consultor espiritual. By the way, já ouviu falar nessas duas carreiras? Pra mim, faz todo sentido despontarem. 

E O QUE ANITTA TEM A VER COM ISSO?

A Anitta tem tudo a ver com essa transformação profissional. Apesar de não curtir o estilo chefe (e não líder) que ela tem ao lidar com seu time, não há como não a tratar como um case a ser visto com bons olhos pelo mercado, quando falamos em estratégia de marca e carreira. 

A escolha de Anitta como membro do Conselho de Administração do Nubank, no meu ponto de vista, é mais do que acertada. Além de trazer relevância, senso de pertencimento e representatividade aos correntistas e usuários dos diversos produtos Nu, não deixa de ser uma baita experiência mútua. As corporações precisam entender que é preciso ter em seus conselhos não só pessoas com experiência financeira e de mercado, mas também pessoas que entendam na prática e num conceito raiz, o seu público alvo e, como amarrar essa informação com o seu propósito. 

SENSO DE PERTENCIMENTO?

As novas gerações, que inclusive formam boa parte da carteira Nubank, querem das corporações mais do que discutir ESG com especialistas Nutella e que não estão em campo no dia a dia. Se não há voz, pertencimento ou entrosamento, não os representa. E essa não é uma atitude futurista e sim de um presente que ainda poucos enxergam. 

Por isso, pare de pensar no vídeo que a Anitta fez tatuando “suas partes” ou no speech que faz e, que não é perfeito para o mercado corporativo tradicional. Pare de pensar porque ela que não têm milhares de formações foi escolhida e não você. Isso tudo é muito ultrapassado. – Aliás, uma pergunta: o quanto entende de mercado digital, alcance massificado e estratégica de marca? Será que ela não sabe muito mais que você?

Em um Conselho de Administração, principalmente, no perfil do Nubank é preciso sim ter, além da turma que entende de números e do negócio de forma mais técnica, pessoas que possuam experiências reais na estratégia digital. 

OLHE PARA OS LADOS!

Não se esqueça que, além de empresária, Anitta também é cantora de carreira internacional e mais um tanto de outras coisas. E você, o que é além dos seus diplomas? O que tem feito para se destacar no mercado? O que tem feito pelas pessoas que não estão em sua bolha e fora dela? (Não briga comigo…hahahaha – Essa é uma provocação que tem que fazer com você mesmo. Só estou dando um empurrãozinho)

Se posso te dar um conselho. Pense que mais Anittas ou até mesmo executivos com visão e senso de pertencimento brotarão e ocuparão o lugar que um dia foi feito para você. Abra sua cabeça, se mexa e prospere. Há diversos exemplos de ex-atletas ou até de personalidades que conquistaram seu espaço também no mercado corporativo. 

Sinceramente, não sou fã das músicas de Anitta e do seu estilo de vida, mas e daí? A  respeito não só por sua inegável potência e visão estratégica. Sua garra, resiliência e como foi para além de sua carreira musical são admiráveis. Afinal, ocupar um espaço tão importante em diversos setores sendo mulher, sem recursos e em um país cheio de segregação e preconceitos, é de se aplaudir. E, não, a estratégia do Nubank com a Anitta não foi puro Marketing!

E ONDE FICA A SELEÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL MASCULINA NESSA?

Caso não tenha percebido, do lado oposto ao de Anitta. Apesar dos dois lados adorarem caras, bocas, ostentação e tatuagens, a Seleção Brasileira de Futebol masculina faz a vez daquela turma que não entendeu que o passado se foi. 

Assisti as finais da Copa América e da Eurocopa e é gritante a diferença de comportamento, posicionamento e liderança. A tal temida e famosa seleção brasileira estava completamente perdida em campo, sem direção, liderança e apoiada em um ou dois jogadores.

Nossa seleção de futebol masculina principal vive das glórias de um passado distante, de vitórias em times fracos e de conquistas que não causam muita admiração. Não sou comentarista de futebol ou algo do gênero, mas de carreira eu entendo, caso contrário não seria mentora de uma turma considerável. Por isso, me sinto à vontade para comentar sobre o tema. 

TROCA O TÉCNICO OU OS JOGADORES?

Na minha visão, enquanto tivermos um técnico que não tenha jogado e treinado times importantes dentro e fora do Brasil, assim como conquistado títulos internacionais de peso (não vale só o mundial de clubes e Libertadores rs), não vamos muito mais pra frente. Mas não é somente isso. 

Os jogadores treinam pouco tempo juntos, estão espalhados em times pelos quatro cantos do mundo e não passam para os seus torcedores a garra e orgulho de representar a seleção. São milhões e mais milhões em patrocinadores, caras e bocas, mas na hora em que o apito toca, toda a falta de entrosamento e pertencimento tornam-se cada vez mais evidentes. 

O JOGO COM A ARGENTINA FOI…

de chorar. Apesar da seleção oposta também não jogar um bom futebol, levou a taça porque era a menos pior. Não entendi até agora como uma seleção que está perdendo no placar, volta com o mesmo time para o segundo tempo e faz alterações só mais pra frente, em plena final de campeonato. O caso aqui não é insistir e motivar um dos talentos em campo, mas entender que a formação não estava funcionando no dia. 

Quando comparo com o jogo entre Itália e Inglaterra, não consigo nem extrair algo próximo de futebol atual da seleção brasileira. Ademais, não vejo o Brasil como uma potência ou favorito na Copa de 2022 e, tenho dúvidas se não passaremos por outro 7×1.

A cada dia que passa, menos pessoas param para assistir a tal seleção brasileira, incluindo eu que gosto de futebol. Claro que tem a questão também da polarização e politização, mas mesmo sem isso, duvido que não fosse o mesmo cenário.

No meu ponto de vista, seria mais do que justo fazer uma realocação de patrocínio e status a outras seleções como a de futebol feminino, vôlei nas duas modalidades e tantas outras seleções que vivem com o dinheiro contado e, que diversos brasileiros não atletas se sentem bem mais representados. 

E O QUE ISSO TEM A VER COM NOSSAS CARREIRAS CORPORATIVAS?

Tudo! Se você não se atualizar, não acompanhar a evolução de seus pares e concorrentes, ficará para trás, independentemente de qual geração pertence. Mesmo que haja diversos jogadores de futebol da seleção de futebol masculina principal jogando no exterior, nos melhores times, se não houver o correto match para aproveitar essa tal qualidade, vai tudo por água abaixo. 

No meu ponto de vista, ou se forma um time com a maioria que joga no Brasil ou se forma um time misto e com um treinador com experiência internacional e multidisciplinar. Como digo aos meus mentees, os feitos passados são importantes para nossa base, mas temos que viver o presente no presente para poder projetar o futuro.  

MERCADO CORPORATIVO TRADICIONAL, STARTUPS E FINTECHS

Com a experiência que tenho adquirido em acelerar startups, mentorar pessoas de perfis completamente diferentes e olhar o mercado corporativo em geral, comecei a evoluir em um pensamento. Como não é segredo para vocês, mais uma viajada na maionese hahaha

Pra mim, no momento atual temos uma divisão entre pessoas que atuam no mercado corporativo tradicional, em startups e fintechs. As novas gerações têm buscado cada vez mais as startups e fintechs por ter uma “galera” de idade próxima ou similar, os deixando mais à vontade com seus pensamentos e crenças (limitantes ou não). Com isso, o mercado corporativo tradicional tem perdido importantes talentos. E, não. Não adianta oferecer um maior salário ou benefício com o discurso do crachá mais relevante ou estabilidade. 

Mesmo com esse movimento, acredito que não seja mão única e sim cíclico. Não duvido nada que daqui um tempo ocorra a volta da turma ao mercado tradicional e por aí vai. Por isso, é de extrema importância estar antenado e preparado para um lado e para o outro. 

É UMA VIA DE MÃO DUPLA, SIM!

Acredito também que não seja um movimento que será feito somente pelos mais jovens, mas também pelos mais experientes, já que a sabedoria sobre determinados assuntos valem ouro em qualquer mercado. 

Por fim, nessa minha viajada, já começo a falar em mercado corporativo tradicional, informal (empreendedorismo) e novo mercado corporativo (startups, fintechs). 

CARREIRAS EM DESCONTINUIDADE?

Se me permite outro conselho. Não estacione em sua carreira, abra sua mente e reflita o quão preparado está para atender o novo mercado. Na minha visão, empresas e profissionais que possuem carreiras muito conservadoras e clássicas precisam passar por uma modernização urgentemente. Caso contrário, cada vez menos haverão profissionais dispostos a dar continuidade a tais carreiras e legados. 

Não indo muito longe, um exemplo clássico é a produção de conteúdo. O que era consumido somente em veículos de comunicação tradicionais, blogs e Youtube, agora está acessível em diversas plataformas digitais e offline. Eu, assim como muitos colegas tivemos que nos adaptar e evoluir para não sermos engolidos pelo mercado e a tecnologia.

QUE SEJA UM MUNDO MAIS DIVERSO E IGUALITÁRIO

Torço muito para que esse movimento de revolução profissional traga um mercado mais igualitário e diverso em todos os sentidos e,que olhem para causas até então raramente vistas, como é o caso da lateralidade esquerda que tanto falo em todos os cantos. 

Continue bem! Cuide de você, do próximo e de suas carreiras 🙂

Crédito da foto: pixabay.com

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