O que aprendi nos 5 anos fora do mercado corporativo tradicional?

O que aprendi nos 5 anos fora do mercado corporativo tradicional? 

Essa é uma pergunta que eu poderia transformar em título de livro com resposta porcionada em capítulos robustos, cheios de acertos, tombos e reviravoltas. Enquanto não separo um tempo para isso, tentarei resumir o que aprendi nos 5 anos fora do mercado corporativo.

O primeiro aprendizado tem um quê de choque de realidade. Quando tirei o crachá de uma grande corporação, entendi que o mercado de trabalho é dividido em duas grandes bolhas. Uma delas é a corporativa. A outra chama-se empreendedorismo.

Dentro da bolha corporativa, há uma outra divisão: pessoas que constroem relacionamentos por interesses presentes e/ou futuros e pessoas que constroem suas carreiras e relacionamentos de uma forma (corretamente) mais genuína e ampla. Não achem que no primeiro grupo estão pessoas do “mal”. Na verdade, inconscientemente, possuem uma visão de mundo mais limitada, já que não enxergam que estão dentro de uma bolha corporativa e social. Caso tal bolha estoure em algum momento, por qualquer motivo, o impacto pode ser enorme.

Já na bolha do empreendedorismo, a divisão é entre pessoas que compartilham conhecimento e estendem as mãos, pessoas que têm um medo surreal de toda e qualquer concorrência e pessoas que criam oportunidades em determinadas fragilidades dos demais. Nem preciso dizer que o segundo grupo, principalmente a longo prazo, se prejudica. Afinal, quem constrói feliz algo duradouro sozinho e sem olhar para o todo? 

O primeiro e o terceiro grupos podem ser extremos no quesito monetização ou não. Afinal, a “lábia correta” nos diferentes canais, aliada a alguns outros pilares, é o que faz o negócio prosperar, independentemente se você acha aquele determinado produto bom ou não, sábio ou não, oportunista ou não. Essa é uma das regras básicas do empreendedorismo. 

Como fiz uma transição de carreira focada e consistente, nunca me apeguei a essas divisões, mas claro que foi interessantíssimo ver todo movimento nos bastidores, principalmente, no primeiro ano. Além dessa divisão, que é absolutamente normal, aprendi na metade desse caminho que na verdade nunca sai do mercado corporativo. Afinal, desde quando virei a chave, meus contatos, parcerias etc transitam em empresas e pessoas que nesse mercado estão. Hoje falo que não tenho mais um crachá de mercado corporativo tradicional, mas sim um crachá pessoal, que acumula de 25 anos de estrada, recheada de experiências diversas.   

A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DE RELACIONAMENTOS

Entretanto, de nada adianta ter experiência e não ter bons relacionamentos. Não há como prosperar em qualquer carreira sem ter parceiros/aliados e a construção (e manutenção) de uma sólida rede de contatos. Nela, somos capazes de trocarmos experiências, indicações e tantas outras coisas que fazem diferença em nosso crescimento e posicionamento. 

No meu caso, sem tais relacionamentos, em um momento tão delicado como o de hoje, jamais teria acesso a quem queria apresentar, validar e discutir o 360 graus que tive que dar no Não Pira, Desopila nos últimos meses, por exemplo.

CREDIBILIDADE É ESSENCIAL!

Claro que além de experiência e relacionamento é fundamental ter credibilidade no mercado e na sua marca pessoal. Saber conversar e tomar o tal do cafézinho com pessoas chaves não farão com que você prospere, caso não seja correto em seus negócios e nas suas relações. É preciso saber como ninguém sobre sua fonte de receita e ser DE VERDADE aquela pessoa que prega ser não só nas redes sociais. 

O que escrevi até agora parece óbvio demais? Na verdade também acho que seja para quem tem uma carreira de alguns bons anos e sólida. Entretanto, nesses cinco anos fora do mercado corporativo tradicional, entendi direitinho o tal do popularmente conhecido como ‘Eita atrás de Eita!”

EITA ATRÁS DE EITA! 

Quem é empreendedor certamente sabe o real significado dessa expressão, sem cortes ou intervenções. Desde 1 de dezembro de 2015 não sei o que é estar em uma zona de conforto ou próximo a isso. Mesmo convicta de que minha carreira corporativa foi regada de oportunidades fora da caixa e desafios, nada se compara aos imprevistos, pressões e desafios diários do empreendedorismo. 

Tal instabilidade faz muitos, mas muitos mesmo retornarem ao mercado corporativo tradicional no primeiro ou segundo ano subsequentes. O motivo quase que em sua totalidade é o fracasso nos negócios. Ninguém quer, pode ou consegue ficar no prejuízo por muito tempo na esperança do cenário virar ou de ao menos chegar no break even. 

Há muita coisa em jogo, principalmente, aos que têm dependentes e/ou dívidas para honrar. O que era sonho pode se transformar em pesadelo e, ainda trazer de presente, uma crise existencial, depressão, burn out ou sensação completa de impotência. 

Por isso, falo cada vez com mais força: o empreendedorismo não é para os fracos. O empreendedorismo “não é for kids”! Ser CEO do próprio negócio mexe a todo momento com a vaidade, capacidade de continuar, propósito, bolso, inteligência emocional e tantos outros pilares e sentimentos.

É preciso ter muita personalidade, persistência, competência, reserva financeira, paz no coração e amor próprio para não desistir em algum momento da caminhada. Disciplina e foco no propósito de vida pessoal e profissional são fundamentais para não se perder e não pirar em nível hard. 

Em suma, é preciso saber que o tal do “Eita atrás de Eita!” será uma constante em alguns ciclos. Mesmo que tenha a vibe otimista, como eu tenho, é mandatório ser realista. Afinal, não há vida fácil ou carreira fácil para quem quer deixar um legado.

O CORRETO VALOR DO DINHEIRO

Como é importante o colocarmos no lugar certo! Obviamente, dinheiro é importantíssimo para nossa manutenção e para não entrarmos em um possível burn out, mas não pode ser tudo na vida. Carro do ano, apartamento instagramável, viagens maravilhosas e tantos outros pequenos luxos de nada valem se não tivermos amor próprio e ao próximo.

Eu, por exemplo, reduzi e muito meus gastos. Vivo de forma minimalista e, atualmente, dou muito mais valor a natureza e as coisas simples. Claro que gosto de um certo conforto, mas toda compra que faço, paro e pergunto de verdade: Pra que isso? Preciso realmente disso? 

Sempre fui de poupar, mas ainda sim não dava ao dinheiro seu valor correto. Parte do valor que gastava com futilidades coloco na reserva de emergência ou apoio pessoas com impacto social. 

Construir um patrimônio e conquistar o topo de uma carreira é espetacular, entretanto, não se pode esquecer de construir em paralelo pilares como felicidade, harmonia, reserva de emergência e descompressão para que o caminho não se torne perigoso. 

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TRABALHO DE FORMA DIFERENTE, MAS COM BEM-ESTAR

Claro que para colocar “o leite das crianças na mesa” preciso fazer um esforço ainda maior. Por ser o meu próprio crachá não são raras as vezes de que tenho que explicar como cheguei até aqui a pessoas que ainda não me conhecem, mas que acham interessante o propósito do Não Pira, Desopila. 

Hoje em dia é absolutamente normal eu misturar ainda mais a vida pessoal com a profissional. Não sei o que é ter horário fixo e, sim flexível. Entretanto, aciono a todo momento minhas válvulas de escape diárias para trabalhar com foco e bem-estar.

É inevitável que trabalho de forma e com uma rotina diferente. A carreira de produtora de conteúdo juntamente com a de mentora de executivos no esquema anywhere office é uma loucura boa que me faz amadurecer ainda mais a cada dia. Isso me traz a convicção de que estou no caminho certo, dentro propósito de vida que escolhi. 

TAMBÉM APRENDI A…

Nunca fui uma pessoa com dotes para casa. Nestes últimos 5 anos de home office na veia, aprendi a me virar na cozinha e a fazer outras tarefas, que até então eram novidade na minha rotina. Por incrível que pareça, adoro lavar louça! Aguça minha criatividade e me acalma quando estou com a cabeça muito agitada. 

QUAL CONSELHO QUE DOU?

Não seja medíocre, seja realista. Empreender ou investir de forma individual em negócios com muitos sócios ou que não conhece a fundo é arriscado demais e a conta pode ser alta. 

Se você pensa em fazer uma transição do mercado corporativo tradicional para o empreendedorismo, comece tal atividade em paralelo e avalie cenários a médio e longo prazo. Um dos pecados mortais de empreendedores é achar que o negócio dará certo porque tem mercado, sem testar para si antes. Outro erro muito comum é pegar suas economias e apostar todas as fichas em algo novo para ter liberdade de ser dono do seu próprio negócio. Cuidado!

Para a grande maioria, não haverá algo mais seguro e recompensante que a construção de uma carreira sólida no mercado. Atrapalhá-la para ir atrás de seus sonhos pode não compensar, caso não faça do jeito certo a transição. Não se pode ter tudo na vida, ainda mais quando se passa dos 40, 45 anos. 

É TÃO RUIM ASSIM EMPREENDER?

Gosto de dar esse choque de realidade sobre o que é empreender na prática para que a pessoa esteja preparada para todas as situações e não transforme um planejamento de sonho em frustração. 

Sem dúvida, nos dias atuais, tenho maior flexibilidade de agenda, de trabalhar de onde quiser e ainda cuidar de uma forma mais estruturada do meu bem-estar (alimentação, válvulas de escape, dinheiro etc). Ao longo desses anos aprendi muita coisa que não aprenderia no mercado corporativo tradicional. Entre elas, a viver sem saber ao certo quais serão as instabilidades do dia seguinte. 

CAPACIDADE DE ADAPTAÇÃO

Comecei minha jornada no empreendedorismo com o objetivo de produzir conteúdo de viagem e outros temas de lifestyle para pessoas acima dos 30 anos e que já tivessem uma carreira estabelecida. Ao longo dos anos, sem eu mesmo perceber, entendi que tinha que levar algo ainda maior ao mercado.

No final de 2019, com base na minha experiência de vida, cheguei a conclusão de que a descompressão é uma das principais chaves para realmente ter bem-estar profissional e pessoal. Coincidentemente, por uma infelicidade, a pandemia começou a nos assombrar em março de 2020. 

Neste momento, toda receita que tinha oriunda das diversas ações ligadas ao segmento do Turismo saiu de XX para zero. Isso mesmo, zero!! E, assim ficou durante um bom tempo. Como já tinha iniciado o processo de validação do que chamo de Programa de Descompressão do Não Pira, Desopila juntamente com a Luci, deixei de lado o turismo e me enfiei de cabeça em tal programa, que é compreendido por workshops e mentorias.

Hoje, sete meses depois, estamos entre testes e propostas dos workshops. Já as mentorias, são uma realidade, sendo dadas a executivos que querem trabalhar sua imagem, carreira, transição de carreira, preparação para um next step ou seja lá qual for a demanda. 

Essa virada total no modelo de negócio, de forma consistente e saudável, não seria possível se não tivesse serenidade e solidez de conceitos, com base na minha experiência de vida e em tudo que aprendi durante minha carreira corporativa e tenho aprendido com meus erros, tombos, acertos, assim como com a minha parceria leal de NPD, Luci Orkov. Não é a toa que nos apelidamos como irmãs de alma.

Também não seria possível se não tivesse o apoio de MUITOS amigos, sejam eles ex-PwCs, PwCs ou que conheci ao longo da minha jornada no mercado corporativo tradicional. Ter tanta gente de peso e bacana na validação e apoio dessa nova fase de carreira não tem preço. Claro que não posso deixar de citar meus mentees, que apostam suas carreiras em nossas longas conversas.  

Quem diria que em um ano tão sensível e, extremamente difícil e desafiador não só para mim, seria eu uma das responsáveis por levar luz e aconchego a tantas pessoas? Ou que seria responsável por fazer a ponte entre tantos executivos e seus negócios por conta do meu relacionamento? Tudo culpa do Universo, que conspirou para que eu estivesse pronta na hora certa, mesmo que tão pandêmica e triste para todos nós.

Por fim, antes que me perguntem. Claro que o turismo voltará a minha vida profissional, mas com uma outra roupagem. Afinal, levar corpo e mente para passearem é fundamental. Entretanto, não adianta sair por aí só por sair. É preciso saber aproveitar o momento e desopilar, de verdade.   

Aos que me acompanham e torcem pelo meu sucesso, o meu muito obrigada! Se carrego nesse 1 de dezembro de 2020 essa plenitude na vida é por conta de todas as oportunidades, apoio, persistência e coragem que tive desde o dia em que decidi mudar por completo de carreira lá em 2012/2013…

Se me permite, um valioso conselho pra fechar esse longo texto: Nunca desista dos sonhos possíveis. Mas não se esqueça. Só serão realidade àqueles que de verdade te fizerem manter um sorriso no rosto e outro no coração. Cuide de você, seja bom para as pessoas e viva a vida de forma leve e harmônica.

Que a cada ano que passe, tenha mais e mais bons contos para aqui registrar 🙂

(Quer ajuda para dar um up na carreira e/ou no bem-estar? Entre em contato com gardenia.rogatto@naopiradesopila.com/sitenaopira. Será um prazer te direcionar!)

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A importância do crachá na carreira

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