Paris, a cidade luz…Paris, a cidade que respira amor…Paris, a primeira impressão…
Saí voando da minha aula na pacata Cambridge direto à estação de trem, rumo a Londres, para pegar o vôo até Paris. No caminho fui pensando…o que será que encontrarei por lá? Vinha na minha cabeça a lembrança muito clara de quando eu era pequenina e sonhava com Paris entre um plié e outro nas minhas aulas de ballet no Corpo de Bailado do Municipal – SP.
Estava ansiosa porque toda bailarina desta instituição naquela época, pelo menos, batalhava por uma bolsa de estudos na França e, também, para assistir ao vivo o ballet Bolshoi, quando se apresentava em São Paulo.
Infelizmente, não segui carreira por problemas em minha coluna, mas o sonho de ir a França, sempre ficou no coração. Enfim, lágrimas à parte, quando desembarco dou de cara com um dos alunos que estudava comigo em Cambridge e ele, muito gentil, veio conversar comigo. Disse a ele que era a minha primeira vez na França e pedi algumas dicas, of course…
Prontamente, ele se ofereceu para dar uma volta naquela noite comigo em Montmartre (bairro boêmio parisiense) e eu não quis. Pq né? Até hoje, eu me pergunto…
Não quis, naquele momento, porque não o conhecia direito, estava em um lugar aonde não dominava a língua e tinha receio de algo acontecer. Preferi ir direto ao hotel para planejar o que fazer durante os dias que ficaria por lá…
Foi aí que tudo começou…
Acostumada com Londres, pensei que teriam várias pessoas espalhadas pelo aeroporto Charles de Gaulle dando informações aos turistas que ali chegavam…engano meu! Santa ingenuidade! Havia esquecido totalmente o que meus amigos franceses falavam sobre carga horária de trabalho na França.
Quando caiu a ficha, vi que estava sozinha e sem informação. E foi quando eu pensei: E aí, né? Não pensei muito…porque de repente escuto vozes pra cá, vozes pra lá…advinha de quem? Brasileiros, of course…naquele momento pensei…Ufa! Até que enfim…engano meu, again…
O povo também estava perdido e sem ninguém para informar qualquer coisa…
Foi aí que rodando sozinha o aeroporto encontro um grupo de moçoilos brasileiros que, por sorte, boa parte deles, moravam na Europa. Resolvi pedi ajuda com direções etc. e, naquele momento, me senti a “tia da excursão” porque o resto da “brasileirada” perdida veio atrás de mim…hahahahaha!
No caminho à estação de metrô acabei fazendo amizade com este grupo de moçoilos e combinei de encontrá-los no dia seguinte. Por que com os brasileiros sim, né? Você deve perguntar…porque brasileiro quando está fora de seu “habit” costuma se unir. Simples assim!
Me despedi dos meninos e, quando estava sozinha de novo, veio atrás de mim no metrô um daqueles brasileiros da “excursão” com um papo que tinha sido assaltado etc. Eu não acreditando naquilo e irritada, SÓ queria ir para o hotel tomar um bom banho e DORMIR afinal, já era tarde. Só sei que o cara foi comigo até uma parte do caminho e eu me arrependendo de toda essa “união brasileira”…
O pior estava por vir…como assim?
Bom, saí do trem do metrô e fui tentar buscar informação de onde era a direção do hotel. Se alguém me ajudasse, seria fácil e simples. Fiquei nervosa, abandonei meu dicionário de francês e fui rodar a estação de metrô em busca de alguma informação. Nesse momento me deparei com dois seguranças e seus respectivos cães da raça “doberman”. E aí, né? Bom, não teve jeito, tive que encarar as feras e perguntar a direção do hotel…
Extremamente “simpáticos”, os seguranças (e seus cães) olhavam pra mim e apontavam “pra lá, pra lá…” e eu pra lá aonde? “Pra lá…, vc não entendeu?” Bom, me irritei de novo e fui perguntar às pessoas que chegavam e saiam daquela estação como chegava na birosca do hotel. Depois de ser ignorada por muitos, um senhor nigeriano resolveu me ajudar e disse: “Te levo até lá…não é tão perto daqui. A estação que você tinha que ter descido tem o mesmo nome que esta, mas com uma palavra a mais para diferenciá-las”.
Fala sério! Olha que mirim que eu fui…
Só sei que ao mesmo tempo que fiquei aliviada, fiquei aflita e nervosa porque, mais uma vez, encontrava alguém para me ajudar que eu não conhecia, que não era brasileiro etc.
Naquele momento, disse a ele que pegaria um táxi e, ele me olhou e disse: “Em Paris? Táxi a essa hora aqui? Somente nas estações principais. Esqueça…eu te levo a pé mesmo”.
Não teve muito jeito, né? Ou era isso ou dormia na rua…rs! Fui no caminho rezando e pedindo ao meu anjo da guarda que me acompanhasse e, mais uma vez, deu tudo certo. Como um gesto de recompensa por todo esse perrengue, olho de repente para o nada e vejo a Torre Eiffel totalmente iluminada e LINDA bem na minha frente! Neste mesmo momento, o senhor nigeriano me olhou e disse: “Chegamos ao seu hotel!” Agradeci tanto aquele senhor por me ajudar, mas tanto…
Depois de tudo isso, só tinha olhos para a Torre Eiffel! Naquele momento agradeci muito e pensei: SIM, agora sim estou na Paris que sempre sonhei.