É preciso respeitar quem está a procura de uma oportunidade

Hoje trago um tema que tem me incomodado bastante. Não sei se sabem, mas desde que a pandemia estourou no Brasil tenho trabalhado de forma voluntária com algumas pessoas que perderam o emprego e estão a procura de uma oportunidade de recolocação. 

Normalmente, com base nas conversas, entendimento de carreira e momento de vida de cada uma dessas pessoas, faço uma revisão criteriosa do currículo, entendo onde cabe ou não cabe levar o currículo daquela pessoa e tenho ajudar na recolocação por meio da minha rede de relacionamento e do que vejo sendo compartilhado nas redes sociais e grupos de Whatsapp. Claro que nada é garantido, mas sinto que o coração de cada uma delas fica quentinho (e o meu também) pelo simples fato de ter algum tipo de atenção. 

De verdade, não entendo o motivo pelo qual recrutadores e departamento de recrutamento dentro das empresas via de regra não dão um tratamento humanizado àqueles que não se encaixam no perfil da vaga ou da corporação. Afinal, faz parte sim do trabalho de tais profissionais fazer o fechamento do processo com cada um dos profissionais que passaram pela seleção. 

Não retornar com a negativa para uma pessoa que está ansiosa, na expectativa e, em muitos casos, com as reservas financeiras praticamente esgotadas é, no mínimo, um ato irresponsável. Quando no título escrevo que é preciso respeitar quem está a procura de uma oportunidade, uma das maiores frustrações dos profissionais disponíveis no mercado é exatamente essa falta de retorno, ou seja, o descaso. 

Alguns podem pensar que tal descaso acontece somente com pessoas à procura de cargos juniores, mas não. Os casos que tenho visto e apoiado vão desde assistentes à cargos C-level. Se você é recrutador e lê esse texto, o argumento de falta de tempo não justifica o ato, me perdoe, mas não há argumentos contra fatos. Não há argumentos quando a responsabilidade da sua posição é dar o feedback a todos os candidatos, como o próprio nome da função diz. 

Se você não é recrutador, mas sim a pessoa que está a procura de alguém para trabalhar no seu time e, por isso, tem recebido currículos em seu email, Whatsapp e afins, o retorno com a negativa também é de responsabilidade sua, na minha visão. O mesmo movimento que teve para acionar pessoas a te ajudar no preenchimento de uma vaga deve ser idêntico no momento de uma eventual rejeição. Tal ato pode ser traduzido a respeito do tempo da pessoa que te enviou o currículo e de quem está a procura. 

Independentemente, se você é recrutador ou não, caso a pessoa não se encaixe na vaga é importante que ela saiba o motivo verdadeiro. Além de ser um gesto de respeito, pode ser um start para quem está em busca por uma recolocação. Afinal, saber onde está errando (se é que está) pode ser uma luz no meio da ansiedade em busca de uma resposta afirmativa.

Em pleno 2021, vergonha alheia teria se o principal motivo para omissão da negativa pela maioria ainda ser etarismo ou qualquer tipo de diversidade. Acho que nem preciso continuar o raciocínio, né não?

O DESCASO PODE SER PREJUDICIAL

Sem qualquer dúvida, a falta de atenção é mais prejudicial aos colegas que estão em busca de uma oportunidade, entretanto, vou além. Quando um indivíduo e/ou corporação não se atentam para o potencial impacto negativo que traz a marca pessoal e da empresa o descaso com candidatos não selecionados, um problema de imagem associada pode nascer.  

Sabe aquela experiência negativa que todo mundo já passou em um processo de venda ou qualquer outro tipo de transação? A sensação pode ser similar. Caso esteja na área de varejo ou qualquer outra que envolva relacionamento, a probabilidade daquele eventual candidato que você deu às costas quando estava vulnerável se tornar um poderoso aliado da concorrência é altíssima. 

a procura de uma oportunidade de recolocacao 1

Como o mundo dá voltas e, a estabilidade é algo quase inexistente no mercado privado nos dias atuais, esse mesmo candidato pode te dar o troco em alguma ocasião, sem até você saber. Nunca sabemos o dia de amanhã. Apesar de não gostar ou agir pensando em vinganças e represálias futuras, essa regra de jogo é milenar. 

Creio que colocar como KPI em uma área de RH o retorno empático e educado a todos os candidatos não é nenhum absurdo, além de ajudar e muito em quesitos como respeito ao próximo, imagem e educação corporativa. 

O QUE FAZER PARA AJUDAR?

Há várias formas de apoiar quem está em busca de recolocação. Quando receber o currículo de alguém, abra o arquivo e leia atentamente o conteúdo. Pode ser que saiba de qualidades e habilidades que ali não estão e que são importantes colocar no papel. Em todos os casos que me prontifiquei em ajudar, tive praticamente que refazer o currículo. Tá certo que sou virginiana e detalhista, mas…rs

É muito comum o conteúdo não ter clareza pelo simples fato da pessoa não saber se vender corretamente. Há profissionais brilhantes com currículos mornos ou até mesmo desinteressantes, com um volume de informações que não traz qualquer objetividade. Por isso, é importante informar que seja o mais direto ao ponto possível para não ficar cansativo e ser deixado de lado. 

Caso alguém queira te enviar o currículo, veja se realmente pode ajudar. Se pode, não o deixe dentro da sua gaveta de emails, repasse a quem julgue ser interessante repassar, fazendo inclusive uma rápida ligação ao seu contato e falando da pessoa antes do envio. Você não tem noção de quanto isso pode ajudar no avanço do processo. 

Além disso, o ato de passar a mão no telefone e ter abertura de repassar um currículo pode ser encarado também como um teste de como está a sua credibilidade no mercado entre outras coisas (você me entendeu, né? rs). Não esqueça que estabilidade em qualquer posição não é todo mundo que tem o privilégio de ter, mesmo os mais brilhantes.

Caso você ou a empresa em que trabalha tem o costume de retornar com a negativa, será que tem feito de uma forma empática? Lembre-se, não adianta fazer por fazer, é importante se importar com o próximo. Afinal, que mundo corporativo queremos para o presente e para o futuro?

Bora ajudar? Além de promover empatia, verá o quanto o mercado pode ser cruel (ou não) com quem está em busca de uma oportunidade. 

OUTRAS NEGATIVAS A PROCURA DE UMA OPORTUNIDADE?

Por falar em busca de uma oportunidade, se consola os que estão nessa situação, saiba que empreendedores como eu, que não possuem na atualidade crachá de uma grande corporação por trás, sofrem também. 

Não são raras as vezes que enviamos apresentação, fazemos calls, videocalls e afins e parece que nunca fizemos contato. Essa perda de tempo com o outro lado por não jogar aberto ou querer fazer média a la falsiane cansa e muito. 

O descaso é um ato falho, mas a ausência de retorno e a desvalorização de nosso tempo são tão naturais que até levamos um susto quando as pessoas são educadas e dão um pronto retorno. Infelizmente, a dupla empatia e humanização não faz parte do comportamento de muitos, até que sinta na pele. Quando isso ocorre, brinco que a pessoa foi comprar cigarros, pães e afins. Haja resiliência! 

Com isso, ao longo do tempo, aquele friozinho na barriga gostoso que traria esperança de uma oportunidade em meio a tanta concorrência, é substituído cada dia que passa por cautela e descrença acima de tudo. Por mais otimista que seja, o mercado está muito longe de evoluir nesse aspecto. 

Se os contratadores soubessem o quão um pequeno empreendedor, que está em busca de uma oportunidade, fortalece a marca de uma corporação fazendo mídia espontânea e mais do que muitas vezes é esperado, olharia mais para essas pessoas. Não me lembro de nenhuma empresa que já começou grande. Todas tiveram um anjo que deu o primeiro sim no meio de tantos nãos. Essa história se repete ao longo dos séculos. 

Se posso dar um conselho aos empreendedores, tente construir sua marca e portfolio em um primeiro momento com empresas ou pessoas que realmente apostam e confiam em seu trabalho da boca pra dentro. Além de te poupar tempo, será menos frustrante. Caso ainda não tenha essa certeza de aposta em você, faz total sentido refletir se realmente o empreendedorismo foi feito para você ou se o desenho do seu negócio faz sentido para os outros. Não adianta achar que seu produto é bom, se só você e sua mãe achar! 

Apesar dessas minhas ponderações, caso entenda que é o momento de arriscar, arrisque, mas somente se uma reserva financeira ou suporte tiver, por favor. 

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NEM SEMPRE É CULPA DOS RECRUTADORES OU CONTRATADORES

Já tomei muito não, mas também muito sim. Saber o nosso lugar ao sol ou na fila do pão também é muito importante. Se o que julgou ser sua persona não evolui, reflita se não é o momento de mudar o público alvo. Afinal, no mercado de trabalho é fundamental saber se o que você quer te quer. O mesmo é válido para o empreendedorismo. 

Insistir em um sonho, em um determinado tipo de companhia ou carreira que não percebe não ter sido feita para você pode ser apenas um dos sinais que as negativas ou falta de retorno refletem. Por isso, te convido a fazer uma reflexão antes de achar culpados ou sair falando mal de outros profissionais.  

Claro que o comportamento dos recrutadores e contratadores têm sido cruel, mas não seja cruel contigo também. Aproveite toda essa negatividade para pensar como pode virar esse jogo. Além da iminente falta de oportunidade, será que seu currículo reflete seu potencial? Quem sabe não esteja à procura de empresas que não tem o seu perfil e vice versa? Ou ainda, quem sabe não é hora de mudar? Será que se desapegou do último emprego?

Enquanto a oportunidade não bate à porta, é preciso ocupar a cabeça com tarefas e coisas que realmente farão evoluir e não te colocar ainda mais para baixo. É difícil? Sim, claro! Mas resmungar de nada vale se não agir. Quem sabe algo completamente inesperado acontece enquanto o caminho inicial ainda não é traçado?

Nada como o tempo, o amadurecimento e o encontro com o propósito de vida profissional para curar as feridas. Se estiver em busca de recolocação e precisar de ajuda, entre em contato comigo no gardenia.rogatto@naopiradesopila.com/sitenaopira. Quem sabe não posso te ajudar em algo de forma voluntária entre um compromisso e outro? 

Continue bem! Se permita e foque menos em julgamento alheio 🙂

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Créditos das fotos: pixabay.com

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Idealizadora e fundadora do Não Pira, Desopila, apaixonada por SUP e ex bailarina do Municipal de São Paulo, largou sua carreira de executiva em uma grande multinacional para viver os seus sonhos e ter uma vida mais leve.

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