Você conhece seu tipo de pé e sabe qual é sua pisada?
Já parou para analisar a mecânica do seu corpo ao correr? Se você já corre há bastante tempo, com certeza já investiu um tempo tentando entender seu tipo de pisada, principalmente, se tem que escolher um tênis esportivo, não é mesmo?
Eu já tive essas dúvidas também, mas pesquisei, fiz alguns testes e hoje já sei qual é meu tipo de pé e também a minha pisada. Mesmo sendo uma corredora esporádica, é muito importante conhecer muito bem a estrutura de corpo e é por isso, leitores de plantão, que o post da semana é sobre tipos de pé e pisada!
Tipos de pé
Pé cavo ou supinado: é aquele que possui o arco bem acentuado e curvo. A pegada é feita praticamente em dois apoios.
Pé chato, plano ou pronado: não tem tanta curvatura, pela pegada percebe-se que toca quase que por inteiro o chão, apresentando um formato mais plano.
Pé normal: é aquele que tem o arco plantar normal, deixando uma pegada mais uniforme com uma ligação visível entre o calcanhar e a parte frontal.
Tipos de pisada
O tipo de pisada depende de certas características pessoais que vão além do tipo de pé, como a mecânica do movimento dos joelhos entre outras características anatômicas:
Pisada supinada: o contato com o solo se dá do lado externo do calcanhar e se mantêm do lado externo, terminando a pisada na base do dedinho. Neste caso, o peso e o impacto não são distribuídos igualmente pelo pé, sendo concentrado nos dedos de fora.
Pisada pronada: o contato com o solo se inicia do lado externo do calcanhar, ou um pouco mais para a parte interna, para então ocorrer uma rotação do pé para dentro, terminando a passada perto do dedão.
Pisada neutra: é o tipo ideal de pisada, pois possui equilíbrio entre pronação e supinação, absorvendo melhor o impacto da pisada. O contato com o solo se inicia do lado externo do calcanhar e então ocorre uma rotação moderada para dentro, terminando a passada no centro da planta do pé. Um corredor “neutro” é geralmente mais eficiente, em termos biomecânicos, e o risco de lesões é menor.
Mas Luci e sobre a pisada na hora da corrida, tem diferença?
Tem! Há diferentes opiniões sobre qual é o jeito certo de pisar ao correr. Algumas pessoas dizem que o correto é tocar o chão primeiro com o calcanhar. Outras pessoas seguem uma linha minimalista e preferem aterrissar com a parte da frente do pé, mas no final das contas qual é a forma correta?
Na passada convencional, o toque no solo é feito pelo calcanhar, neste caso a passada demanda mais tempo, pois o pé tem que “rolar” até a frente, para que haja impulso. Além dessa desvantagem, o impacto fica todo na parte de trás do pé, e acaba subindo e afetando as articulações do tornozelo e do joelho. Essa é a pisada mais comum.
Já a pisada feita com a parte da frente do pé, também chamada minimalista, é mais rápida. É a pisada dos velocistas de 100 ou 200m. Não é recomendada para qualquer pessoa, pois quem não está acostumado e não passa por um processo de adaptação pode sofrer lesões como tendinite dos tibiais e até fratura por estresse do metatarso.
Na minha opinião, não tem jeito melhor nem pior, nem certo nem errado. Os dois tipos de passadas têm vantagens e desvantagens e ambas dependem da mecânica de cada corpo ou de aperfeiçoamento! Então meu caro leitor, vale a lei do conforto pois cada um tem uma mecânica natural. Caso você queira mudar seu estilo de pisada, consulte um especialista do esporte que pode ajudar no processo de transição, evitando lesões, que podem, literalmente, te tirar da pista!
Agora que entendeu os tipos de pisada, sabe descobrir qual é a sua?
A melhor maneira de descobrir o seu tipo de pisada é através de um médico ortopedista, de preferência especializado em pé. Algumas lojas de artigos esportivos, ou mesmo estandes de patrocinadores de corridas de rua, disponibilizam aparelhos e testes que fazem a análise da pegada.
Uma outra alternativa, não tão certeira, é o teste caseiro. Molhe a sola do pé e caminhe sobre uma folha de papel qualquer ou jogue farinha no chão. Analise o desenho da pegada. Se sua pisada for normal as áreas marcadas serão mais uniformes. Se for pronada, grande parte da pegada estará marcada. Na pisada supinada, as áreas marcadas serão as do calcanhar e a da ponta do pé, com apenas um fio, ou uma leve marca, ligando as duas partes, o que mostra que você possui um pé cavo.
A forma ideal de entender a mecânica da pisada em movimento, é a avaliação biomecânica em laboratório com câmeras bi ou tri-dimensionais e marcadores refletivos em posições específicas da perna e do pé. Como isto não é viável para todas as pessoas, uma forma mais simples seria a análise do desgaste do solado. Pegue um tênis que já esteja usando a algum tempo e verifique o desgaste da sola. Por exemplo, se estiver mais gasto na área do calcanhar? Algum lado entre externo e interno está mais gasto que o outro? Ou a parte mais gasta está mais próximo da ponta do tênis?
Uma dica importante para quem fizer a análise pelo calçado é avaliar um tênis neutro, ou seja, de solado reto (flat), que apresente o mesmo suporte em toda a extensão da sola, não possuindo nenhuma tecnologia para controle de impacto.
Em um próximo post, vamos falar sobre como escolher o melhor tênis!
Foto da capa: http://www.bhrace.com.br